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Mesmerismo Como Precursor da Hipnose

O surgimento da hipnose possui mesma origem circunstancial ao da ciência positivista e, desde o princípio, foi julgada como um método menos científico, já que se fundia pela influência. Dependia das características do hipnotizador, o que se confrontava ao pilar da neutralidade, que funda a ciência dura, além disso pressupõe a sanidade na relação entre quem opera a ciência e quem a recebe, na posição de paciente e(ou) sujeito experimental.

Em 1996, Raymond E. Fancher, fez um estudo histórico e delicado sobre a hipnose. Concluiu que a hipnose, no mundo moderno, iniciou-se com Franz Anton Mesmer. Verificou que, no século XVII, Helmont já aplicava algumas técnicas de magnetismo em corpos adoecidos, tendo resultados positivos. No entanto, foi Mesmer quem deu a publicidade ao fenômeno. Mesmer era um médico alemão interessado pela capacidade magnética em animais, mas sucedeu seus estudos em seres humanos. Acreditava, nesse ínterim, que existia uma forma de cura através de fluidos vitais.

Para Mesmer, existia um fluido misterioso que se espalhava em pequenas partes, vindo das estrelas, e que enchia todo o universo, sendo capaz de influenciar não só os seres humanos como todos os organismos vivos.

A técnica mesmerista (que foi defendida em sua tese de doutorado), em 1766, mostra o equilíbrio dessa má distribuição do fluido chamada de mesmerismo animal, em que se empregava o uso, inicialmente, com magnetos passando por todo o corpo do paciente e o levando ao estado assemelhado ao sono.

Entre 1773 e 1784, Mesmer tratou vários pacientes usando esse método e obteve resultados em casos de cegueira, hemiplegias, paralisias súbitas, entre outros. Mesmer descobriu que, tal como um ímã, as mãos e os olhos de alguns indivíduos podiam emitir um fluido especial proveniente do próprio organismo com influência em pessoas e animais. Ele, também, criou um “ritual” para o atendimento de seus pacientes em coletividade, usando um tubo no centro. As pessoas ficavam em volta de mãos dadas, conhecida como “A Roda de Mesmer”. Após criar uma mística, ele chegava e tocava em seus clientes com o dedo, alguns entravam em um estado “convulsivo”, mas, em seguida, havia a cura de algumas enfermidades.

Em 1784, o Rei da França criou uma comissão para investigar o trabalho que era feito por Mesmer. Os membros dessa comissão participaram de algumas sessões e concluíram que, de fato, os pacientes sofriam efeitos (de cura, inclusive), mas que esses efeitos eram decorrentes do poder de sugestionabilidade e imaginação criado pelo contexto e por Mesmer, ao invés do suposto magnetismo animal. Para a comissão, o método não se encaixava nos padrões paradigmáticos da ciência, pois não usava metodologias científicas vigentes à época para explicar os fenômenos ocorridos.

Mesmo sendo desbancado pela comissão científica, mudou-se de Viena para Paris. Na capital francesa, recomeçou os estudos e a fama, obtendo novamente resultados positivos por meio de seus métodos.

Seus seguidores continuaram os estudos e experimentaram a ferramenta até a descoberta do Sonambulismo Artificial. Puységur, um dos discípulos mesmeristas, percebeu que os pacientes submetidos aos “passes magnéticos”, às vezes, entravam em estados de sono profundo, denominado sono magnético.

Em 1813, o Abade Faria (José Custódio de Faria) ajustou as bases da interpretação científica do magnetismo.  Como discípulo de Puységur, foi um dos primeiros a experimentar o uso de sugestões verbais na manipulação magnética dos pacientes. Nascia a ideia de que os transes magnéticos não surgiam de qualquer fluído ou força especial, pois já habitava no próprio indivíduo; não, no hipnotizador. Usava, apenas, a palavra durma, sem passes e nem gestos.

Por volta de 1841, o médico britânico James Braid, após o conhecimento das experiências de Lafontaine, idealizou as bases do hipnotismo moderno. Nesse contexto, explicou muitos fenômenos curativos que ocorriam em banhos magnéticos, por meio da imaginação. Houve o surgimento da terminologia Hipnose e o reconhecimento dentro do meio científico. Além disso, é sabido que Braid foi contemporâneo do Mesmerismo, por seu interesse pelos fenômenos hipnóticos o que explica essa técnica preceder a Hipnose.

Por meio de seus estudos sobre a insensibilidade à dor induzida pelo mesmerismo, Braid deu créditos à técnica, após perceber que a pupila dos pacientes, em estado de transe, continuavam dilatadas, mesmo após forçar a abertura de seus olhos. Ele associou os estados de transe à sugestionabilidade do paciente; não, a um suposto fluido manipulado pelo magnetizador. Com isso, deu mais confiabilidade à técnica visto que resolvia o problema da influência do magnetizador, fator importante em uma ciência que se construía sobre o pilar da imparcialidade.  Além disso, o que antes chamavam de mesmerismo, Braid chamou de neurohipnologia: hypnos, palavra grega que significa “dormir” e neûron, que consiste em nervos. Sendo conhecida, hoje, como HIPNOSE.

Dessa forma, a prática do Mesmerismo se manteve, ao longo da história, com muitos adeptos que continuam a obter resultados em processos psicoterápicos. Quanto à hipnose, é reconhecida cientificamente, pela Medicina, Psicologia, Fisioterapia, Terapias Ocupacionais e Odontologia. Caracterizada como um estado alterado de consciência e de atenção, pode ser usada em tratamentos terapêuticos, representando um novo modelo de psicoterapia.

 

Israel CostaBy Bruna Lavalle
Reprogramadora mental e comportamemtal. Practitioner em Coaching e PNL Hipnoterapeuta, Psicoterapeuta Holistica – Apometria Clinica.
brunalcosta89@gmail.com