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Hipnose e alta performance desportiva

Ele treinou por anos até chegar nesse momento. Horas de treinamento para aperfeiçoamento da técnica seguidas de muitas outras horas de condicionamento físico. Nutricionista sempre acompanhando, fisioterapeuta sempre atento para qualquer necessidade. Até que é chegada a hora e… “será que aquele olheiro estará na platéia?”… “quanta gente me assistindo, não posso errar”… “a equipe está contando comigo, não posso decepcioná-los”… O final da história parece conhecido, nosso ilustre amigo atleta amarela por sucumbir à pressão.

Essa pequena e fictícia história contém a realidade de uma enormidade de atletas, principalmente quando falamos de atletas brasileiros. Apesar do excelente trabalho de psicólogos do esporte que acompanham alguns atletas e equipes,  são raros os casos em que eles recebem esse tipo de acompanhamento. Não precisamos voltar muito atrás no tempo para relembrar o discurso de um ex-técnico da seleção brasileira de futebol masculino que disse (em palavras mais selecionadas e polidas) não ver a necessidade de um profissional nessa área. Enquanto isso, grandes potências do esporte trabalham o treinamento mental com tamanha naturalidade que este é assunto corrente em TV aberta – e aqui ainda há espanto quando um atleta de renome, como Arthur Zanetti – ou Michel Felps – anuncia que além dos treinos convencionais faz uso da hipnose como ferramenta para potencializar sua concentração e resultados.

Atletas tem naturalmente uma maior facilidade que não-praticantes de esportes para se colocar em um estado alterado de consciência – leia-se transe hipnótico. E faz isso naturalmente, na maioria das vezes, respondendo melhor a estímulos cinestésicos. Ele precisa ter uma consciência corporal altamente desenvolvida para obter o melhor de sua técnica, afinal quando falamos de alto rendimento, milésimos de segundo fazem diferença. Quando qualquer pessoa está em um estado alterado de consciência, onde o crivo da mente consciente diminui, as sugestões são aceitas com muito mais facilidade – o que explica em grande parte um pouco da história do começo desta nossa conversa.

Uma linguagem apropriada produzirá um resultado muito mais expressivo, uma vez que mantém o foco positivo exatamente naquilo que o atleta deseja alcançar. Nesse ponto, um hipnoterapeuta qualificado pode auxiliar o atleta a construir o cenário ideal para sua modalidade, fornecendo – ou desenvolvendo – ferramentas para melhorar o controle emocional, para aumentar a concentração e diminuir a influência de fatores externos.

Mas há também outra forma muito efetiva em que a hipnose pode ser utilizada por atletas. Desenvolver ou melhorar uma parte técnica específica, por exemplo. O atleta pode realizar mentalmente uma tarefa que busca aprimorar, como um arremesso. Isso condiciona a mente para replicar no “mundo real” o que o atleta já faz (seja bem feito ou não) em seu mundo particular. Como isso é possível? A hipnose proporciona uma experiência muito rica em detalhes, muito vívida. Desta forma, a mente não difere muito bem entre algo que foi imaginado com tamanha intensidade e uma lembrança, tornando o resultado visualizado mais fácil de ser executado na prática.

Outro trabalho possível quando falamos de hipnose e esporte, que eu particularmente gosto muito de trabalhar, é a programação de diversas âncoras fortalecedoras para serem acionadas em determinado momento (âncora é o termo utilizado para definir um sinal neuroassociativo que produzirá uma reação específica quando acionado, desenvolvido a partir do conhecido trabalho de Pavlov com os cães e amplamente difundido pelos praticantes da PNL). Após descobrir quais são os estados apropriados em cada momento da competição dentro de uma modalidade específica, o hipnoterapeuta pode instalar as âncoras para que o próprio atleta dispare-as durante a competição, criando e reforçando assim o estado ou a reação que o atleta deseja em determinado momento. Para saber mais sobre a instalação de âncoras, ou outras técnicas de PNL durante a hipnose, clique aqui.

Os trabalhos possíveis no cenário esportivo usando a hipnose são diversos. No entanto um fator importante que deve sempre ser lembrado é, antes de ser um atleta ele é um ser humano. Se o ser humano está com algum problema, ou conflito os resultados do atleta, muito provavelmente, serão afetados também. Nesses casos, antes mesmo do auxílio esportivo, existe a necessidade do auxílio humano. Afinal, não é assim conosco também, independente de qual é nosso trabalho?

 

By Marco Antonio Bernieri
Treinador Pessoal, Palestrante, Hipnoterapeuta, Coach de Vida e Esportivo, Practitioner em PNL – CREF: 018477-G/SC