Alfagenia: Qual a sua relação com a Hipnose?

No mundo da hipnose poucos conhece esse termo: “Alfagenia”. Mas o que seria isso e qual sua relação com a hipnose?

O nome Alfagenia foi dado pelo médico inglês Dr. Anthony Zaffuto em seu livro “Alfagenia – como usar as ondas cerebrais para melhorar a sua vida (1974)”, para definir o controle da onda cerebral alfa sem o uso de equipamento de monitorização, seria algo como auto-hipnose.

A alfagenia brasileira trata-se de uma técnica rápida de indução ao transe hipnótico, que em 25 segundo nos coloca no estado Alfa, segundo o criador da versão brasileira Erimá Moreira. O principio da mesma é usar a imaginação para estimular fisicamente os neurônios. Porém, segundo seu criador, existe diferenças entre a técnica de Alfagenia e da Hipnose. Erimá Moreira tinha a uma das visões da época sobre Hipnose, que o sujeito estaria em estado profundo de sonambulismo a “mercê” do operador, enquanto na Alfagenia o mesmo permaneceria consciente. Além do mais, no estado alfa, o sujeito apresentaria parte dos fenômenos hipnóticos e que bastaria apenas um simples relaxar e fechar dos olhos.

Pelas definições e práticas atuais da Hipnose, tudo nos leva a crer que Alfagenia e Hipnose estão mais interligadas do que se imaginava.

O criador da técnica Alfagenia brasileira, Erimá Moreira, é formado em Farmácia e Direito, além de concluir cursos de Bromatologia e Bioquimica em nível de extensão universitária. É oficial superior reformado do Serviço de Saúde do Exército (atualmente aposentado). Dirigiu laboratórios de análises clínicas e administrou um hospital onde aplicou a Alfagenia no setor de obstetrícia, atuando em casos clínicos, cirúrgicos e em alguns casos de câncer. Em 1977, iniciou uma série de cursos sobre Alfagenia em espaços de Terapias Alternativas e Faculdades de Odontologia e de Medicina. Apresentou demonstrações da técnica em alguns hospitais.  

Ao ter conhecimento da técnica, tratei logo de colocá-la em prática e testa-la, pois achava uma indução ao transe hipnótico interessante. Na época, ainda cursava a faculdade e pessoas dispostas para hipnose não faltavam. Lembro-me de uma senhora, que ao sair da sala de aula queixava-se de dores na perna, prontamente me ofereci a aliviar a sua dor e ela aceitou. Sentamos num lugar calmo, com pouco movimento, então a induzi ao transe alfagênico, e ao confirmar seu transe, dei inicio ao alivio da dor. Ao trazê-la de volta, sentiu-se muito bem e em paz, pois não queria nem voltar do transe, e sua perna não mais doía, conseguindo andar sem dor. Sugeri que procurasse um médico, mas a mesma me disse que já fazia tratamento há anos e não tinha tantas melhoras, por fim me agradeceu e foi embora sentindo-se muito feliz.

Em outra ocasião utilizei a técnica alfagênica com outra colega da faculdade, que no meio do processo abriu os olhos e disse que não estava funcionando, enfim mudei para uma indução de fixação e ela então entrou em transe profundo. Cada um reage melhor a certas induções, levando em conta as expectativas sobre a hipnose.

A indução alfagênica, em minha opinião, é ótima para pessoas visuais, ou no termo clássico, pessoas da família hipnótica da imaginação, o que corresponde a 40% das pessoas, claro que também existe a questão da suscetibilidade envolvida e outros fatores. A alfagenia é uma técnica que considero de grande ajuda no arsenal da hipnose. Uma técnica brasileira, que em sua essência nos lembra muito a indução de Dave Elman, considerada uma das melhores induções ao transe hipnótico. Tendo isso em vista, uma técnica simples, mas com poder enorme quando bem executada e dirigida.

Abaixo apresento duas versões da mesma: indução e auto-indução:

Técnica Alfagênica

  1. Solicitar a pessoa que descontraia os músculos da face e da testa;
  2. Pedir para fechar lentamente os olhos e, com eles fechados, fazer com que a pessoa se auto induza que não conseguira abri-los, imaginando as pálpebras coladas e determinando que se tentar abrir, não irá conseguir;
  3. Imaginar o sono e logo a cabeça deverá pender para um lado.
  4. Em seguida à queda da cabeça, o técnico pode desafiar a tentar abrir os olhos, o que não conseguirá.
  5. A partir dessa fase, a pessoa será conduzida pelo técnico que desenvolverá o transe seguindo o objetivo proposto, levando sempre em conta que o mesmo estará de posse de seu consciente e de sua vontade, no entanto, se submeterá às induções que lhe forem apresentadas.

Auto-indução alfagênica

  1. Auto relaxamento – Acomode-se em local seguro e calmo, descontraia os músculos da face e da testa e feche os olhos para alcançar alfa.
  2. Auto imaginação – Imaginar o sono, neste caso, proceder: “Eu com a testa e face descontraídas e com os olhos fechados, imagino que não conseguirei abrir os mesmos, pois estou com as pálpebras coladas.” Se não conseguir abrir os olhos, mantenha-os fechados e passe para a fase seguinte.
  3. Auto análise – Examinar os motivos do transe sob todos os aspectos e ângulos. Este exame é facilitado, pois em alfa, tudo é compreensível e fica fácil obter respostas a perguntas que faríamos a nós mesmos.
  4. Autoterapia – Esta fase é chamada de visualização. Cercando a mente de pensamentos positivos, vamos colocá-la a princípio, negativamente, projetando os erros para examiná-los, em seguida projetar as mesmas situações, mas agora com acertos, positivamente. Criar a imagem ideal daquilo que gostaria de obter.
  5. Auto indução – Sempre com o pensamento positivo, dar a si mesmo induções que ajudarão a resolver os problemas. Estas induções são dadas dentro do pré-estabelecimento, uma vez que a entrada em transe foi feita com essa finalidade. Tenha sempre em mente que pode, precisa e irá conseguir atingir o objetivo.
  6. Autoprogramação pós-hipnótica – Programar, ainda em transe, que irá cumprir o que foi determinado após a volta ao normal, e uma programação bem feita do pós-hipnótico trará resultados notáveis.
  7. Volta ao normal – Mentalizar o que se segue: “Vou contar até três e terei a sensação de acordar, gozando saúde física, mental e fisiológica. Estarei calmo e tranquilo e conseguirei cumprir o programado”.

Observação – Ao iniciar a técnica, torna-se necessário determinar ainda na primeira fase, que irá ficar em transe por determinado tempo, o que evitará ficar em transe por muito tempo.


Os benefícios alcançados com a auto-hipnose podem ser permanentes, dependendo da programação induzida.
As sessões de auto-hipnose poderão ser repetidas tantas vezes quantas desejarem.

 

Danilo M. Lemos
By Danilo M. Lemos

Pedagogo, Professor, Palestrante, Hipnoterapeuta, PNL Practitioner.

 

Fontes:

  • MOREIRA. Erimá.
    * Alfagenia e Hipnose: técnica alfagênica de indução hipnótica. São Paulo: Editora Roka, 1997.

    * Alfagenia e neuroniologia. São Paulo: 2002.
    * Alfagenia: técnica rápida de indução ao transe. São Paulo: Editora Plêiade, 2006.

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